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Será que a Água funciona como uma espécie de corrente espiritual?

Há quem diga que a água possui uma força espiritual capaz de libertar a criatividade e a imaginação, mas esta é uma ideia que não parece convencer os mais céticos.

Quando desde cedo damos atenção à espiritualidade (às vezes de forma inconsciente), procurando um significado em todas as coisas vivas, damos por nós a interpretar o silêncio, e, nesse silêncio, a fazer algumas descobertas interessantes sobre a vida. É o que se passa comigo.

Sendo uma pessoa reflexiva, dou por mim a descobrir encontros com a espiritualidade, nos mais ínfimos detalhes. Uma das perguntas que trago comigo é: será que a água transporta algum tipo de energia capaz de ativar a nossa criatividade?

Para vos falar um pouco neste tema tenho de regressar ao meu passado, à minha infância.

A relação entre a minha infância e a Água

Lembro-me de ser pequena e de já ter uma água preferida: a “Vitalis”.

Apenas um pouco mais velha é que soube que a água provinha do Parque Natural da Serra de São Mamede, onde era captada e engarrafada na vila de Castelo de Vide e de onde é distribuída para todo o país. A vila onde, todos os verões, passava as minhas férias.

Muitas vezes, imaginamos o Alentejo com as suas planícies amarelas e douradas a perder de vista, sem potencial hídrico, devido à secura da terra. Mas esta imagem não corresponde à realidade, sobretudo nesta zona do Alto Alentejo.

O que é fascinante nesta região é a sua capacidade de nos surpreender. Temos que atravessar uma extensa planície  até chegar a Portalegre (para quem vem de Estremoz): são 70 km através do IP2 sem ver vivalma e, para quem viaja num carro sem ar condicionado no verão, conhecerá certamente o calor tórrido, que já deixou ilegíveis os sinais de trânsito. É este Alentejo que a maioria de nós conhece.

Mas, ao chegarmos à região de Portalegre e ao serpentearmos a Serra de São Mamede, tudo se transforma: o ar torna-se mais respirável, tudo é verde e a vegetação não cabe nos muros, erigidos num tempo remoto.

Chegamos a Castelo de Vide, a vila da água, com a sensação de nos sentirmos mais inspirados. Era isso que sentia, todos os verões, quando aqui passava férias. Nesta vila alentejana, sentia-me inspirada para ler e desenhar, mais do que em qualquer outro lugar.

Mas afinal, que segredo estava aqui escondido, para que algo despertasse dentro de mim?

Muitos anos mais tarde, li algures que a inspiração se transporta através da água. Que este líquido potencia a nossa veia artística e criativa, que lava pensamentos maus e que regenera a alma. Eu acredito, em tudo isso.

Percebi que lia mais, e desenhava melhor, num sítio com água. Tendo passado tantos verões em Castelo de Vide, talvez isso me tivesse despertado uma parte que eu desconhecia: uma parcela da minha alma. Julgo que existe nesta constatação algo de verdadeiro, porque são vários os artistas que procuram a região do Alto Alentejo para viverem e trabalharem. Será tudo uma coincidência?

Ainda hoje, a água “Vitalis” continua a ser a minha preferida, de todas as águas que correm em Portugal. Por causa da quantidade de água existente nesta região, o próprio ar é inundado por uma frescura, muito pouco típica do Alentejo.

Acrescento ainda, que um banho em Castelo de Vide é diferente de um banho em Lisboa, na capital. Sentimos aqui que todo o nosso organismo se regenera: o cabelo brilha, a pele parece imaculada.

Eu diria, como amante da natureza, e ser espiritual, para beberem um copo de água todos os dias. Talvez isso desperte, para surpresa vossa, um talento que desconheciam.